segunda-feira, 17 de agosto de 2015


UM CONTO FICSTÓRICO FOLHETINESCO
Francisco Carolus Fuentes Fernandes (FC2F)



São Paulo – Salvador – São Paulo
Julho de 2015
Terminado em  12 de agosto de 2015




Preâmbulo aos leitores
O título do presente conto encerra algumas reflexões sobre a História da Literatura. O período histórico no qual ocorrem as ações corresponde a um curto período de 12 horas, referenciando-se aos dias 30 de abril, 1 e 2 de maio. O ano é o de 2150, no século XXII, portanto, 135 anos após o ano de 2015, no qual nos encontramos.
O enredo do conto passa por diversos personagens que se localizam em várias partes do mundo: em Beijing na Ásia; em Brasília e em Lima, na América do Sul; em Washington, na América do Norte e em Roma, na Europa.
Na ficção do ano de 2150, o conto gostaria de assemelhar-se aos folhetins de Science Fiction, desenvolvidos na primeira metade do século XX, como Flash Gordon, desenhado por Alex Raymond,  ou nos romances de Ponson du Terrail e seu personagem, Rocambole, que dá origem ao termo “rocambolesco”.
Nas reflexões e lembranças dos vários personagens do conto, navega-se por fatos históricos, não ficcionais, portanto, ocorridos nos séculos III a. C. e no período Depois de Cristo, nos séculos XIX, XX e XXI. Esta mescla de história e ficção  rebate-nos aos românticos do século XIX e a alguns autores do século XX – Walter Scott, Alexandre Herculano, Alexandre Dumas, Honoré de Balzac, José de Alencar, Gabriel Garcia Marques, Érico Veríssimo, e tantos outros, que fizeram de suas obras verdadeiros folhetins que combinam ficção e História.
Não pretendo, em momento algum, comparar este nosso curto conto com o escrito de qualquer um destes mestres da literatura universal. O que pretendo é apenas fazer este pequeno preâmbulo para que o leitor resolva ler as poucas páginas que se seguem ou abandonar, de imediato, essa leitura.
Tenho que deixar marcado um agradecimento a Lucas Oller o qual observou a importância da Bacia Amazônica como uma das, senão a, maior reserva de água doce do planeta.
Há muitos anos atrás li um pequeno escrito de um escritor nascido nos anos 40 do século passado sobre a relação entre avanços tecnológicos e retrocessos políticos e sociais no mundo, tomando como exemplo o já aqui citado Flash Gordon, desenhado por Alex Raymond, que descreve um mundo estelar extremamente avançado tecnologicamente mas governado por Imperadores, Condes, Duques, Reinos e Impérios, texto este que inspirou o presente.
Uma última observação ao leitor: caso algum / a dos / das personagens a serem aqui descritos / as corresponderem a alguém real, foi essa mesma a vontade do autor.
FC2F - o autor
1.      BEIJING – No aguardo de instalar-se o Império Celestial

Naquela quase madrugada de 30 de abril de 2150, Ho Chin Piao, o todo poderoso Ministro da Paz Celestial, acordou tomado por uma felicidade que, provavelmente, nunca sentira em seus 65 anos de  vida.
Sua felicidade e alegria era totalmente compreensível: afinal de contas, desde seus 20 anos, preparara-se para aquele dia, para aquele momento.
Desde que saíra graduado na Escola de Diplomacia e Relações Internacionais do Império Celestial e engajara-se nos preparativos para fazer de seu país, de seu povo, o país e o povo mais importante do mundo, seu objetivo de vida estava traçado e delineado.
Por esse objetivo abandonara, totalmente, uma vida pessoal: nenhum amor, nenhuma paixão, nenhum filho, nenhum amigo. Todos com quem convivia – conhecia muitos – referenciavam-se  e existiam apenas e exclusivamente em função desse grande objetivo que hoje, na reunião do Comitê Central, às três horas da tarde, seria alcançado.
A totalidade do Partido e do Governo aceitaria que seu Ministério colocasse em ação a Operação Nuvens de Gafanhotos de Jade, estratégia esta pacientemente tecida até a reunião da tarde daquele 30 de abril.
Esta estratégia foi, de fato, iniciada a partir de 247 a.C. com a ascensão, aos 13 anos de idade, de Ying Jen ao trono do estado ocidental de Chin e sua tomada de poder, aos 34 anos, em 213 a.C., tornando-se Imperador da China, com o nome de Chin Shi Huang Di, qual seja “ o primeiro Deus divino de Chin” (www.google.com.br/#q=primeiro+imperador+da+china).
Lembrava o Ministro da divisão de ações entre o Imperador e seu Primeiro Ministro, Li Si, para consolidarem os Sete Reinos existentes no território chinês em um Império Unificado: o imperador cuidava da guerra e da defesa dos territórios conquistados, enquanto Li Si cuidava da política e da implantação das ideias de uma China forte e una.
Enquanto Chin Shi Huang Di derrotava, pela guerra, seus inimigos internos e cuidava da construção da Grande Muralha da China, Li Si controlava “corações e mentes” tentando expurgar e destruir a história da China até então, queimando bibliotecas inteiras de escrituras em bambu, sobretudo dos grandes filósofos dos diversos reinos do território chinês, conservando apenas os escritos referentes à medicina e a práticas agrícolas (www.google.com.br/#q=primeiro+imperador+da+china).
Como toda estratégia de longo prazo,  inteligente e bem desenhada, sofrera, ao longo dos anos, séculos e milênios uma imensidão de idas e vindas, de sucessos e fracassos, mas sem nunca perder seus objetivos centrais, o de garantir as condições para que o Império Celestial Chinês fizesse com que o conjunto do globo terrestre fosse colocado a seu serviço.
Um dos pontos essenciais que estava possibilitando desencadear a Operação Nuvens de Gafanhotos de Jade foi a inteligente política, durante a década de 1970,  do presidente Mao Zedong que via, no aumento populacional, um caminho para o engrandecimento do país, tanto econômica quanto socialmente. Seus sucessores inverteram essa política a partir do final dessa década até o início do século XXI.
Felizmente, o presidente eleito no ano de 2013,  Xi Jinping suspende, a partir de sua posse, a Lei de Natalidade implantada no final da década de 1970, pela qual cada casal chinês poderia ter apenas um filho. Revogada a lei, passou-se a permitir que os casais tivessem dois filhos, o que garantiu à China, nesse momento, de contar com uma população de 3 bilhões e, portanto, armar um Exército de 500.000.000 de militares que garantiriam o êxito da Operação Nuvens de Gafanhotos de Jade.
Refletia, ainda Ho Chin Piao, nesse seu feliz amanhecer, que seria ele o grande condottiere, o principal responsável por colocar toda essa imensa massa de centenas de milhões de mulheres e homens do Exército Vermelho preparados para ocuparem, pelo bem ou pelo mal, o conjunto dos territórios do Planeta Terra.
Só assim, pensava o Ministro, nós, terráqueos, teríamos condições de avançarmos e ocuparmos os demais planetas do sistema solar e, após sua ocupação, começarmos a focar outros sistemas estelares. A partir disto, finalmente, a Paz Celestial, o Império da Paz Celestial estaria instalado no Planeta Terra e estaria pronto para instalar-se no Sistema Solar.
Nesse momento, contudo, deveria preocupar-se, enquanto aguardava as decisões do Comitê Central, de cuja reunião participaria às três da tarde no Salão do Pavão Imperial, dentro da Cidade Proibida, em Beijing, que voltara, nos primeiros anos deste século XXII, a ser a sede do governo do Império Celestial da China, com o tom da conversa a distância que teria com o representante da República Andina e Amazônica do Peru.
O primeiro alvo da Operação Nuvens de Gafanhotos de Jade era o de garantir o controle, por parte do Império Celestial, das maiores reservas de água doce e de terras de produção de alimentos e de minerais do mundo, concentradas no território do Brasil. Portanto, o primeiro passo dessa Operação visava, via o litoral peruano, adentrar no território brasileiro por meio da ferrovia Bi - oceânica construída e operada por empresas e pessoal chinês.


  
2.       BRASÍLIA – Preparando-se para ter seu território ocupado

A manhã de 30 de abril de 2150 era, certamente, a pior dos 53 anos de Sílvia Luísa Baena de Carvalho, a Ministra das Relações Exteriores e Defesa da República Parlamentar Democrática Popular do Brasil.
Todas as informações vindas de diversas embaixadas brasileiras da Ásia, da Austrália, da Europa, da África e da América do Norte pareciam confirmar a terrível notícia: em Beijing, o Comitê Central do Partido Comunista do Império Celestial da China deveria tomar a decisão, às três horas da tarde, de iniciar sua invasão mundial, em diversas frentes, mobilizando e deslocando um exército nunca antes visto no Planeta: quinhentos milhões de mulheres e homens preparados para ocuparem a Terra em várias frentes, continentes e direções: na Rússia Asiática e Européia e em todos os países do continentes europeu; em todos os países asiáticos direta e indiretamente limítrofes da China, Índia, Afeganistão, Paquistão, Oriente Médio e Oriente Próximo; a Austrália, Nova Zelândia e Polinésia; África Oriental e Ocidental.
Mas o mais preocupante e complicado para a Ministra Sílvia Luísa é que o primeiro país a ser atacado e ocupado pelas tropas dessa Operação seria exatamente o Brasil, por sua condição estratégica de concentras Água doce na Bacia Amazônica e nos seus aquíferos subterrâneos ainda não poluídos, de concentrar minerais estratégicos como ferro, bauxita e outros e por sua posição de Celeiro do mundo.
Para que a Operação Nuvens de Gafanhotos de Jade fosse bem sucedida, o Império Celestial precisaria garantir o controle do Brasil, de forma a garantir o controle sobre esses elementos fundamentais na logística de sua Operação militar pelo mundo afora.
Ocupado o Brasil, era simples ocupar o restante da América do Sul, a América Central e o México. Ocupada a Muralha do Império Norte Americano, representado pelo cinturão de países localizados na Ásia e na Oceania, todos no Oceano Pacífico, o segundo grande objetivo estratégico da Operação era estrangular o Império Norte Americano, cercando-o por todos os lados.
Essa estratégia, bem ao gosto da elite chinesa, da casta dos mandarins que há mais de três milênios governavam e dirigiam, direta ou indiretamente, o povo chinês, não era mais um jogo de IChing ou de War, mas uma realidade que estava para ser desencadeada em poucas horas.
A terceira frota do Império Celestial, como seus 250 porta aviões, capazes de transportarem centenas de milhares de soldados e oficiais da infantaria e quinhentos aviões, estariam prontos a cruzar o Pacífico na latitude aproximada de 8º sul, desembarcando em território peruano, embarcando nas imensas composições de trens da Ferrovia Bi –Oceânica, na direção da Amazônia e do Centro Oeste brasileiros, o primeiro e, naquele momento, principal objetivo estratégico da Operação Nuvens de Gafanhotos de Jade.
Ao refletir sobre a situação, mais uma vez a Ministra Baena de Carvalho lembrou, de suas aulas de História sobre o período da então República Federativa do Brasil do triste governo da primeira mulher presidenta da República, Dilma Rousseff a qual, sucedendo a um dos mais importantes presidentes brasileiros, conhecido como Presidente Lula, conseguiu, por erros sucessivos, tornar o Brasil refém tanto dos Estados Unidos quanto da China, posição esta que o país não mais conseguiu superar.
Contrariando a tradição histórica da Política Externa Brasileira, o governo Dilma Rousseff abandonou a inteligente linha de neutralidade e o jogo sutil da diplomacia brasileira de ora reforçar uma, ora outra das potências mundiais que surgiam no contexto do poder mundial.
Assim fora no período entre a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais, na primeira metade do século XX, onde o Ditador Getúlio Vargas jogava com os Aliados, Estados Unidos à frente e com o Eixo, Alemanha na vanguarda, tentando – e obtendo – vantagens para o País.
Mesmo no período do regime de ditadura militar, na segunda metade desse mesmo século, no qual a política dos generais presidentes era francamente americanófila, havia momentos no qual o Brasil posicionava-se contra os interesses do Império Norte Americano, como no posicionamento do Brasil em relação à Política Nuclear, apoiando-se na Alemanha, ou na política de descolonização da África Portuguesa, apoiando e sendo o primeiro país a reconhecer a independência de Angola, Moçambique e das demais colônias portuguesas.
No início do século XXI, no século passado, portanto, o primeiro operário a tornar-se presidente da República do Brasil, o Presidente Lula, assumiu, em seus dois mandatos, políticas francamente independentes quer em relação ao Império Norte Americano. Articulou-se com a Rússia, China, Índia e África do Sul, constituindo um novo bloco de poder mundial – o BRICS – apoiando as políticas anti – colonialistas e anti – imperialistas nos países da América do Sul, enfrentando economicamente os interesses das grandes corporações norte americanas nas Américas, seja na do Sul, na Central e na do Norte, inclusive dentro do território do próprio Império Norte Americano.
Imperdoável para o Império, contudo, a política desse Presidente assume a ocupação e a exploração do petróleo do Pré – Sal nas águas territoriais brasileiras, cujos limites já tinham sido expandidos durante o governo de um dos generais presidentes.
Coloca a principal empresa estatal brasileira, a PETROBRÁS, a explorar essas bacias petrolíferas no Atlântico Sul, nas costas do Brasil, o que levará a um processo de enfrentamento econômico e político do Império contra os interesses nacionais brasileiros.
Por um erro estratégico da própria política desse Presidente,  reforçado pelas ações voláteis e pouco estratégicas de sua sucessora, o Brasil, na segunda década desse século passado, acaba perdendo tanto sua política tradicional de navegar entre as potências para efetuar políticas econômicas internas subordinadas aos capitais internacionais, particularmente o financeiro, e aos interesses das duas grandes potências em conflito declarado, dentre as quais o Império Celestial parece estar, hoje – 30 de abril de 2150 – garantindo sua preponderância.
Certamente amanhã, dia 1º de maio, não deverá apresentar um futuro de “céu de brigadeiro”, nem para o mundo em geral, nem para o povo brasileiro em particular...



3.       WASHINGTON – Preparando-se para o enfrentamento
Washington começa a ter um clima bastante agradável no início da primavera. Este último dia do mês de abril de 2150 não apresentava um clima muito diferente daquele de anos passados.
Esta manhã, contudo, não era nada agradável para Elizabeth Victoria McDonald Hooper III, a poderosa Secretária de Estado do Governo da Presidente Republicana ligada ao Tea Party, Margareth Clarence Stuart.
Todas as notícias das embaixadas do Império Norte Americano na Ásia, África, Europa, Oceania e América do Sul sinalizavam que a reunião do Comitê Central do Partido Comunista do Império Celestial da China, em Beijing, a ser iniciada às três horas da tarde, horário de Beijing, do dia seguinte,  1º de maio, iria ordenar o início da Operação Nuvens de Gafanhotos de Jade, colocando o mundo em Estado de Guerra e sendo ocupado pelas centenas de milhões de militares do Exército Vermelho do Império Celestial.
Beth III, como era informalmente conhecida, sabia que essa ofensiva tinha dois objetivos centrais
– ocupar o território brasileiro, para garantir o domínio do Império Celestial Chinês sobre a Bacia Amazônica (principal reserva de água doce do planeta) e sobre os territórios do Cerrado do Brasil, em sua área Centro-Oeste e das terras de sua região sudeste, celeiros de grão do mundo e
- cercar completamente, por todos os lados, do Atlântico ao Pacífico, o território do Império Norte Americano.
Em suas reflexões, Beth III rememorava os acontecimentos históricos ocorridos na segunda metade do século XX, quando um de seus mais famosos antecessores, o Secretário de Estado scholar e intelectual de origem alemã-judaica, Henry Kissinger, iniciara a política de aproximação com a República Popular da China, no período do também – como hoje, Presidente dos Estados Unidos da América ligado ao Partido Republicano, que fora personagem de um grande escândalo na década de 1970, que ficou conhecido historicamente como o escândalo de  Watergate, que o levou a renunciar ao mandato antes de votarem seu “impeachment”, Richard Nixon.
Até que ponto a política traçada por Kissinger e o Grande Timoneiro da Revolução Chinesa, Mao Zedong e seu Primeiro Ministro Zhou En Lai - que fora Ministro dos Negócios Estrangeiros da República Popular Chinesa entre 1949, quando da vitória da Revolução Comunista, e 1958 -  foi  positiva para o futuro dos Estados Unidos da América?
Certamente essa política foi uma das principais responsáveis pela ampliação do poder imperial norte americano no mundo na segunda metade do século XX, eliminando não somente o poder da União Soviética mas a própria União Soviética.
A partir do início do século XXI, contudo, o Império Norte Americano passa a ter que confrontar-se com novos atores na ordem mundial que começam a por em cheque a Pax Norte Americana, dentre os quais a então República Popular da China começa a tornar-se o principal e mais perigoso adversário.
No início do século XXI, até países historicamente organizados dentro dos preceitos da Doutrina Monroe – implantada no início do século XIX – a qual rezava “A América para os Americanos” a qual, de fato, correspondia ao princípio da “América para os Americanos – do Norte”, rebelam-se contra tal preceito e  passam a enfrentar o Império Norte Americano.
E Beth III não pensava em Cuba – a qual sem dúvida incomodou o Império Norte Americano por décadas entre 1959 e 2014 – mas sobretudo no Brasil, que na primeira década do século XXI resolvera colocar – na visão dos governantes dos Estados Unidos da América à época – suas “manguinhas de fora” durante o mandato presidencial de um membro da senzala brasileira.
Esse presidente resolveu enfrentar ideias e interesses, menos econômicos e mais políticos e ideológicos  da elite brasileira, os donos da – na expressão de um intelectual brasileiro – Casa Grande e que assumira o papel de um estadista não apenas brasileiro mas defensor das nações dominada no mundo.
Lembrava-se Beth III que, quando estudante, três décadas antes, resolvera entender o papel desse personagem que, rememorava, tinha um apelido que, na língua nativa do Brasil, correspondia a um molusco marítimo, Polvo, Lula, Vieira, não tinha muita certeza.
Lembrou-se que esse líder operário, que fundara um Partido que foi denominado dos Trabalhadores, no final de uma ditadura militar criada – com pleno apoio do governo norte-americano, no início da década de 1960, à época do governo Lyndon Johnson, o qual, como vice- presidente, assumiu o posto de John Kennedy, presidente ligado ao Partido Democrático assim como Johnson, após seu assassinato em 1963.
Beth III lembrou-se, também, em suas leituras sobre aquela época e seus acontecimentos no Brasil, do papel que o então embaixador dos Estados Unidos da América desempenhara na articulação e suporte político e financeiro do golpe militar no Brasil, iniciado, se não lhe falhava a memória de suas leituras, em 1964, 1965.
De suas aulas sobre a História Brasileira, Beth III lembrou-se que esse presidente operário era, muitas vezes, comparado com outro operário que se transformara em presidente da Polônia no final do século XX e que, com o apoio de um papa polonês contribuíra para a derroa dcada da União Soviética.
Suas lembranças, porém, eram a de que o Presidente operário brasileiro com nome de molusco era um social democrata nacionalista que desenvolvera uma política externa completamente independente das orientações dos governos norte americanos, seja de presidentes do Partido Republicano, como George Bush – em cujo mandato ocorre o episódio das Torres Gêmeas em New York e a Guerra do Iraque – seja dos governos do democrata Barack Obama, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos.
Sua política externa e sua ação social e econômica interna o tinha elevado, ela lembrava-se bem das leituras que fizera, a um dos principais estadistas mundiais na primeira década do século XXI.
Beth III lembrava, também, que a sucessora desse líder, uma ex guerrilheira que optara, nos anos das ditadura militar no Brasil pela luta armada, assume a presidência sem ter a liderança e a capacidade política de seu antecessor.
No decorrer tanto dos dois mandatos do Presidente operário quanto, sobretudo,  nos mandatos de sua sucessora, ocorreram vários escândalos e problemas de malversação de recursos públicos, seja para garantir e manter no poder uma grande aliança partidária em torno do Partido criado pelo Presidente operário, seja por crime comum de corrupção, envolvendo sobretudo grande empresas de capital brasileiro ligadas à Construção Civil Pesada, importantes lideranças políticas seja do governo, seja da oposição e, em particular, uma grande empresa estatal brasileira ligada aos negócios do petróleo.
Esses fatos, articulados e investigados por membros do Judiciários ligados ao principal partido de oposição no Brasil e a um juiz com ligações pessoais ao FBI norte americano, como teria sido aventado à época desses acontecimentos, levaram o Brasil a uma crise política que, rapidamente, transformou-se em uma crise econômica que, em um prazo muito curto, fez o Páis retroceder fortemente em sua posição de destaque no cenário Mundial.
Beth III abandonou suas lembranças de estudante universitária e voltou suas reflexões ao dia de hoje no qual todas as informações levavam a crer que a Operação Nuvens de Gafanhotos de Jade seria iniciada.
Naturalmente Beth III tinha total consciência que, em História, o SE não existe. Em reflexões sobre ela, contudo, pensar fatos e acontecimentos a partir desse advérbio condicional é um bom exercício para refletir sobre ações e estratégias futuras. Desse modo, a Secretária de Estado iniciou, em suas reflexões, a colocar um variado número de SES.
Por exemplo, SE os Estados Unidos da América, ao invés de colocar-se em confronto com os governos do líder operário de nome de molusco e de sua sucessora, realizando escutas secretas, atacando a política de soberania brasileira sobre a área do Pré-Sal e seu petróleo, de colocar sua força policial interna – o FBI – a serviço de membros do Judiciário Brasileiro contra membros dos Poderes Executivo e Legislativo, de colocar em cheque grandes empresas de capital brasileiro que se expandiram por vários países e continentes, mundo afora, não poderia ter, hoje, quando os chineses atacam, um aliado que contribuiria para que a balança do poder mundial pesasse a favor do Império Celestial da China?
SE a política norte americana não se posicionasse contra a União Soviética, tendo-a como seu Inimigo principal, aproximando-se da República Popular da China a partir de 1970, sem levar em conta que a massa populacional chinesa representa um poder quantitativo assustador para qualquer outro poder nacional do Planeta, a situação deste 30 de abril de 2150 não poderia ser diferente?
SE os Estados Unidos da América não pretendessem garantir seu poder financeiro, não permitindo que outras moedas, senão o dólar, tivesse o poder de circulação e de reserva de valor monetário no mundo, os problemas que a chamada zona do Euro não seria menos grave do que foi permanentemente neste século e meio?
SE os Estados Unidos da América não resolvesse manter sua postura de considerar as Américas, em particular as Américas do Sul e Central como seu quintal (lembrou novamente da Doutrina Monroe do século XIX) no decorrer da primeira metade do século XXI, particularmente impedindo que o Brasil avançasse na direção de tornar-se uma nação de importância mundial - fazendo o que o Império Celestial da China fizera com a Índia, na Ásia, e com a África do Sul, na África – mas mantendo, com auxílio de parcela significativa da classe dominante brasileira seu papel de satélite dos Estados Unidos da América, o dia de hoje não poderia e deveria ser muito diferente?
Novamente nos cenários dos “SES” os Estados Unidos da América não tivessem criado problemas em relação à expansão do Brasil na exploração das reservas petrolíferas do PRÉ – SAL, permitindo  ao Estado brasileiro acumular, no decurso da primeira metade do século XXI, recursos para desenvolver, de acordo com seus interesses nacionais, sua infra -estrutura logística, educacional e social, hoje não estaríamos em uma situação diversa daquela que estaremos nos defrontando?
Caso esses SES ocorressem, talvez os governos brasileiros da segunda década do século XXI não fechassem acordos que permitiriam, aos interesses chineses, construírem uma ferrovia de ligação Pacífico – Atlântico com o traçado que acabou sendo implantado.
Essa ferrovia, iniciada no litoral do Peru, corta a Cordilheira Andina Peruana, atravessando toda a Amazônia peruana no sentido oeste – leste, alcançando a Amazônia brasileira na altura do norte do estado do Acre e cortando todo o cerrado do Brasil, em seus estados do Centro Oeste, até atravessar sua região Sudeste e atingir os portos do Oceano Atlântico.
Por esse traçado, a República Popular da China atingia a Bacia Amazônica - a maior reserva de água doce do planeta Terra – e o Cerrado – o mais importante território de produção de grãos do mundo, por isso denominado seu Celeiro. A utilização dessa ferrovia garantia, tanto na direção do Pacífico, quanto na direção do Atlântico, o escoamento dessa produção e o transporte de água doce particularmente para a China, outros países asiáticos e para os países africanos.
Ao mesmo tempo, esse acordo tri - nacional selado entre Brasil – China e Peru, poderia abrir,  à sanha de conquista que a milenar e quase eterna paciência chinesa apresentava,  os territórios dos dois países sul americanos signatários desse tratado e, a partir deles, toda a América do Sul e a América Central.
Caso as informações sobre a resolução do Comitê Central do Partido Comunista Chinês em ordenar o desencadeamento, na tarde de 1º de maio,  da Operação Nuvens de Gafanhotos de Jade fossem verídicas, o Império Celestial da China começaria a cumprir seus dois grandes objetivos estratégicos: ocupar o território brasileiro e iniciar o cerco em relação ao território do Império Norte Americano.
Beth III parou suas lembranças sobre os eventos históricos da primeira metade do século XXI e reassumiu a postura pragmática que sempre marcara as ações diplomáticas norte americanas e pediu à sua secretária que a colocasse em comunicação, nessa ordem, com o Ministro da Paz Celestial do Império Celestial Chinês, com o Ministro das Forças Armadas Peruano e com a Ministra de Relações Exteriores e da Defesa do Brasil.
A depender das respostas que obtivesse – se as obtivesse – demandaria fazer uma conferência a quatro vozes para que discutissem o momento mais do que delicado para o presente e o futuro imediato do mundo, que se estava configurando naquele dia 1º de maio primaveril para os Impérios da China e dos Estados Unidos da América e outonal para o Peru e o Brasil...





4.       LIMA – Querendo entender as consequências daquele dia para seu País

Assim como Ho Chin Piao, Silvia Luísa Baena de Carvalho e Elizabeth Mc Donald Hooper III, o Almirante Pablo Atahualpa de Villasverdes Soza, Ministro das Forças Armadas da República Andina e Amazônica do Peru acabara de acordar. E acordara assustado e em pânico pelo pesadelo que, reiteradas vezes, lhe atacara durante toda a noite.
Dessa noite de pesadelos o que mais lhe vinha à consciência era a cena de milhares de vagões de trens ocupados por centenas de milhares de mulheres e homens do Exército Vermelho do Império Celestial Chinês cruzando, a uma velocidade de centenas de quilômetros por hora, o território do Altiplano, da Cordilheira Andina e da Amazônia Peruana em direção à fronteira entre Peru, Bolívia e Brasil, internando-se na Amazônia Brasileira e em todo o território do Cerrado no Centro Oeste daquela nação – até então – amiga e aliada – na direção de sua costa Atlântica.
No dia anterior, 29 de abril, passara o tempo todo tentando entender as explicações do Embaixador do Império Celestial da China, Qi Zen Lai, entremeadas pelas conferências com Ho Chin Piao, o todo poderoso Ministro da Paz Celestial chinês sobre a Operação Nuvens de Gafanhotos de Jade que a principal aliada do Estado Peruano estaria desencadeando na tarde do dia seguinte, 1º de maio.
As explicações foram entendidas, o que não significou que o Almirante Pablo tenha ficado muito satisfeito com elas, pois naquele momento as ações militares estariam direcionadas contra o território brasileiro, ações estas, contudo, que passavam diretamente pelo território peruano, o que não era nada alvissareiro.
O Ministro Almirante lembrava-se de suas aulas de História das Guerras, de 30 anos atrás, com seus então 18 anos de idade, as quais sempre demonstraram que territórios de passagem de tropas de outras nações acabavam por transformar-se em territórios tão ocupados quanto os das nações objetos principais da ocupação.
Assim ocorrera com a Polônia nas guerras napoleônicas no século XIX contra o Império Czarista da Rússia, com a Bélgica e Holanda no ataque do Exército Alemão Nazista contra a França, na primeira metade do século XX, entre outras tantas que lhe vinham à memória.
Estados fortes, populosos e com tradição guerreira como eram China e Estados Unidos da América podem, rapidamente, transformarem-se de aliados em inimigos mortais para as nações mais fracas, menos populosas e com tradição guerreira próxima a zero.
Naquele momento, a única ação que o Almirante Pablo podia fazer, e que se preparava para fazê-la, era encaminhar, via um de seus oficiais de gabinete de total confiança, um relato sucinto, a ser transmitido de viva voz, das conversas que tivera no dia anterior com os chineses, para seu velho amigo, o Coronel José Antônio de Almeida, adido militar da Embaixada brasileira em Lima, para que este transmitisse o teor da conversa para a Ministra Baena de Carvalho, sobretudo lembrando-a dos acordos bi - laterais secretos assinados em 2035 entre Brasil e Peru, época na qual implantou-se a Ferrovia Bi Oceânica, construída e operada por investidores e operadores chineses.
Além disso, aguardar os acontecimentos da tarde do dia 1º de maio, no horário de Beijing.




5.       VATICANO – Até onde vai o poder da palavra contra o poder das armas em conjunturas críticas

A insônia que permanente e persistentemente acompanhara a trajetória de vida nos últimos 70 anos dos 75 anos de idade do quarto Papa Africano, eleito por seus pares para ocupar o trono de São Pedro no Vaticano, o então Cardeal Domenico Macango, de Adis Abeba, Papa Sabá I, não fora nessa quase madrugada do dia 30 de abril de 2150 muito diferente dos demais dias e noites de sua vida.
A diferença centrava-se no teor das informações que, de todas as partes do mundo afluíam ao Vaticano, referentes ao iminente desencadeamento, por parte do governo do Império Celestial da China, da movimentação de um exército de quinhentos milhões de mulheres e homens, chinesas e chineses, visando ocupar territórios em todos os continentes, tendo dois principais objetivos imediatos: garantir a ocupação do Brasil, onde se localizavam as áreas de maior concentração de água doce e de produção de cereais de nosso planeta Terra e cercar, visando isolar completamente, o território do Império Norte Americano em relação ao resto do Mundo.
Como todo o bom Príncipe da Santa Madre Igreja Apostólica Romana, a inteligência do Cardeal, agora Papa Sabá I, não lhe permitia crer em uma divindade superior qualquer que houvesse criado o Universo e a vida, mas sim na capacidade da Humanidade em criar tal divindade.
Ateu, portanto, Sabá I, contudo, não conseguia entender como que essa Humanidade, capaz de gerar um fantástico mundo na Terra, criando, como a partir da Judéia, um Reino de Deus e a parir da China, um Império Celestial, não conseguira atingir a plenitude da sua sobrevivência básica ou de sua própria Humanidade.
Seguidor dos preceitos introduzidos a partir da Carta Encíclica “Laudato Si” pelo Papado de quase um século e meio antes, do primeiro Papa do Continente Americano, o argentino  Cardeal Bergoglio, de Buenos Aires, jesuíta que adotara o nome de Papa Francisco I, para Sabá I era difícil manter sua fé na Humanidade.
Ainda que acreditasse, e seguia acreditando, que as novas gerações eram sempre melhores do que as anteriores e, se por acaso, a Humanidade conseguisse eliminar a si mesma e ao Planeta Terra, seríamos substituídos por espécies melhores e mais sábias, assistir às permanentes  atrocidades que membros de nossa espécie faziam a nós mesmos, a outras espécies e à Natureza em geral doía-lhe na consciência e em seu coração.
Nesse dia 30 de abril, ter conhecimento da mobilização bélica que objetivava ocupar o território do Planeta por parte do Império Celestial da China o fez baquear física e psiquicamente, lembrando-se de um velho repto que um dos mais ferozes homens de Estado do século XX, Joseph Stalin, o czar do Império Soviético, fizera ao então Papa reinante, o aristocrático e filo fascista Cardeal Príncipe Eugênio Pacelli, Papa Pio XII, ao discutir o Poder do Vaticano, perguntado: “Quantas divisões (militares) tem o Papa?”.
Quando o poder das armas apresenta-se em sua plenitude, em situações críticas como f aquela que estava por ocorrer em poucas horas, qual o valor das palavras, do bom senso, da temperança?
Sabá I sentia-se amordaçado, paralisado, cansado, sem forças físicas ou mentais.
Mas, rapidamente, retomou sua força vital e chamando seu secretário particular pediu que realizasse uma conferência eletrônica com os chefes de Estado do Império Celestial da China, do Império dos Estados Unidos da América, da República Parlamentar Democrática Popular do Brasil e da República Andina e Amazônica do Peru, naquele momento as nações mais diretamente envolvidas no que poderia ser a primeira grande onda de ataque da Operação Nuvens de Gafanhotos de Jade, a ser desencadeada, por ordem do Comitê Central do Partido Comunista Chinês, a partir da travessia do território peruano para ocupar o território brasileiro e iniciar o cerco contra o território do Império Norte Americano.
Sabá I resolvera, empiricamente, mais uma vez dentre muitas, testar o poder da palavra do Vaticano contra o poder das prepotentes e arrogantes divisões bélicas do repto stalinista.




6.       BRASÍLIA – Pesquisando arquivos históricos de documentos secretos

Após receber as informações do adido militar da Embaixada do Brasil em Lima, o Coronel Almeida, a Ministra Baena de Carvalho foi em busca dos mais que centenários tratados que consolidavam o projeto de construção da Ferrovia Bi Oceânica entre os portos Peruanos do Pacífico e os portos Brasileiros do  Atlântico, o caminho escolhido pelos estrategistas da então República Popular da China nas primeiras décadas do século XXI.
Era por ela que o Império Celestial Chinês estava na iminência de desencadear a Operação Nuvens de Gafanhotos de Jade, movimentando um contingente de 75 milhões de chinesas e chineses, membros do Exército Vermelho, que desembarcariam em portos peruanos nas costas do Oceano Pacífico, embarcariam nos trens de alta velocidade operados pela Tanssouthamerican Shangai Railway Inc.,  implantada com recursos, tecnologia e operação chinesa, mais de um século antes, com o objetivo explícito de facilitar a movimentação de cargas e passageiros entre o Oceano Atlântico, os territórios Brasileiro e Peruano e o Oceano Pacifico, atingindo os continentes da África, Oceania e Ásia, em particular os portos da China.
A Ministra Baena de Carvalho fora lembrada de examinar dois documentos secretos assinados pelo Peru, um com a República Popular da China e outro com o Brasil. O primeiro, por uma demonstração de amizade do governo peruano para com o governo brasileiro, foi repassado  ao  Itamaraty, via a Embaixada do Peru em Brasília. O segundo era assinado apenas pelos dois países sul - americanos e não fora nunca – ao menos é o que se esperava – dado conhecer ao governo chinês.
O primeiro desses documentos rezava que a República do Peru abriria tanto seus portos no Pacífico quanto seu território para que os trens, fossem de passageiros, fossem de carga, ou que transportassem funcionários da República Popular da China (aqui o pulo do gato, pensou a Ministra) desde o mar territorial peruano até as fronteiras do Peru com a Bolívia e com o Brasil.
O segundo documento, celebrado de forma ultra confidencial e secreta entre Brasil e Peru facultava a ambos os países, durante a construção da Ferrovia Bi Oceânica, instalarem ao longo do traçado, em território de ambos os países, sistemas de segurança e rastreamento de viagens, particularmente nas regiões andina e amazônica do Peru e em seus portos do Pacífico e nas regiões amazônica e do cerrado brasileiras e em seus portos do Atlântico.
Esses sistemas seriam operados por servidores de ambos os Estados, à revelia e sem conhecimento quer da empresa operadora quer do governo da então República Popular da China.
Este segundo documento originara-se a partir de discussões dentro dos Estados Maiores das Forças Armadas e das Chancelarias de ambos os países, antes e durante o período de negociação e implantação da Ferrovia, de forma confidencial e ultra secreta, uma vez que a experiência que tanto o Brasil quanto o Peru passaram em função das escutas norte americanas em relação a membros dos governos de ambos os países, servira-lhes de lição para que tais articulações se realizassem fora dos circuitos normais das relações entre os dois governos.
O começo dessas conversações estava ligado à lembrança que um dos membros do Ministério de Defesa do Brasil tivera da leitura de um clássico autor da História Militar, o professor britânico John Keegan, da Real Academia Militar da Inglaterra, cujo texto foi utilizado no preâmbulo do tratado secreto como um de seus elementos justificativos.
Afirmava o Professor Keegan que a Guerra da Secessão Norte Americana era considerada como “uma guerra puramente ferroviária, na qual o sucesso do Norte em cortar primeiro as conexões férreas entre o populoso sudeste e o produtivo sudoeste na linha do Mississipi e, depois, dividir o sistema interno do sudeste, tomando a ligação Chattanoogas – Atlanta em 1864, fragmentou seu território em zonas que não tinham auto suficiência econômica e garantir o colapso financeiro da secessão sulista por falta de suprimentos para os exércitos, ainda que, esfarrapados e famintos, eles conseguissem desafiar a União no campo de batalha até o fim”(...)”os exércitos do Norte estavam bem mais alimentados que os do Sul porque seus intendentes controlavam os 50 mil quilômetros de ferrovias norte-americanas existentes em 1860, e continuaram a colocar mais trilhos a cada mês da guerra, na qual uma tarefa primordial dos soldados da União era arrancar cada metro de trilho dos confederados que cruzassem”.
Peru e Brasil, portanto, precisavam precaver-se  exatamente de situações como as que estavam vivendo naquele momento que precedia a quase certa invasão do Império Celestial da China ao Território Sul Americano a parir de ambos os países.



7.       BRASÍLIA – Analisando os Tratados Secretos

A Ministra Baena de Carvalho, por um lado, ficou estarrecida com o que leu nesses documentos secretos. De outro, pela primeira vez naquele dia via uma pálida e longínqua luminosidade no final do Túnel a qual poderia não ser a luz da locomotiva do trem na Ferrovia Bi - Oceânica.
Os tratados secretos, criptografados e só abertos face a presença de um funcionário do Arquivo que era o garantidos das chaves criptográficas,  haviam sido rigorosamente cumpridos no decorrer desse mais de século, entre 2035 e 2150. Por eles, Peru e Brasil comprometiam-se a viabilizar e a garantir a navegabilidade permanente das Hidrovias dos Grandes Cursos de Água da Bacia Hidrográfica Amazônica em ambos os territórios, a qual deveria servir como alternativa à movimentação de cargas e passageiros entre os dois países abrindo o acesso do Atlântico ao Peru, via os portos do Pará  e do Pacífico ao Brasil, via acesso aos portos do rio Solimões e a travessia dos Andes Peruanos.
Um dos artigos do tratado rezava, explicitamente, que no caso da então República Popular da China financiasse e operasse a Ferrovia Bi – Oceânica do Atlântico brasileiro ao Pacífico peruano, os corpos diplomáticos e seus Estados Maiores – quer civis, como seus Conselhos de Estados, quer militares, como os Estados Maiores das quatro armas: Exército, Marinha, Aeronáutica e Interplanetária) comprometiam-se a que seus respectivos governos fossem buscar recursos financeiros junto  instituições de fomento de ambos os Estados ou Internacionais, para a implantação desse sistema Hidroviário bi -oceânico e bi – nacional..
Outro artigo, ainda, rezava que os Estados e seus  respectivos governos,  de ambos os países,  garantiriam que nenhum dos dois grandes Impérios Mundiais, o Norte Americano, consolidado desde o século XX e o Império Celestial da China, que inicia sua consolidação no decorrer das três primeiras décadas do século XXI, teria nenhum tipo de participação no financiamento, implantação, manutenção e operação desse sistema Hidroviário.
Seriam ambos os Estados – Brasil e Peru – os responsáveis diretos pela implantação, manutenção e operação desse sistema com embarcações de bandeiras conjuntas peruanas e brasileiras.
Mas o que mais espantara a Ministra foi o fato de tomar conhecimento que um grupo de engenheiros militares peruanos e brasileiros instalaram sistemas de segurança e rastreamento ao longo do leito da Ferrovia e, o mais espantoso, que implantariam dispositivos que, acionados simultaneamente pelo lado peruano e brasileiro, implodiriam os túneis de travessia dos Andes, de modo a impedir a passagem de qualquer composição ferroviária, obstruindo a ligação férrea entre Peru e Brasil.
Este era o elemento central que a mensagem do Coronel Almeida precisava fazer chegar à Ministra.

8.       SÃO PAULO – A hora e a vez do leitor

O autor chegou aonde pretendia chegar – a montagem do quadro Ficstórico.
A partir daqui deixa à criatividade de cada leitor o fechamento deste Conto. Para orientar o / a leitor /a, o autor indica algumas questões que podem – ou não – serem refletidas e respondidas por eles / elas, tais como:
a)      Na tarde do dia 1º de maio o Comitê Central do Partido Comunista do Império Celestial da China dará a ordem de desencadear a Operação Nuvens de Gafanhotos de Jade contra o Brasil?
b)      O Império Norte Americano conseguirá fazer a interlocução com os principais países envolvidos nesse Conto Ficstórico?
c)       O Papa Sabá I demosntrará que a palavra e o bom senso valem mais do que Múltiplas Divisões Armadas?
d)      Brasil e Peru terão tempo de implodir os túneis de travessia dos Andes antes que os Trens a Transsouthamerican Shangai Railway Inc. embarquem as tropas desembarcadas dos porta aviões e iniciem seu deslocamento em direção ao território brasileiro?
e)      As demais potências como a Rússia. Índia, União Europeia, Japão e o conjunto das demais nações do mundo manter-se-ão caladas frente a esses acontecimentos?

COM A PALAVRA – E A IMAGINAÇÃO – DA  LEITORA /  DO LEITOR



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